Elizabeth "Lily"
Brayton (23 de junho de 1876 - 30 de abril de 1953) atriz e cantora inglesa,
conhecida por suas performances em peças de Shakespeare e por suas quase 2.000
apresentações no musical Chu Chin Chow, da Primeira Guerra Mundial.
terça-feira, 14 de abril de 2020
domingo, 12 de abril de 2020
Nossa finitude
Vivemos por muito tempo numa
bolha de falso conforto e negação. Nos países ricos, os cidadãos começaram a
acreditar que haviam transcendido o mundo material. A riqueza acumulada – com
frequência, às custas de outros – blindou-os da realidade. Viver por trás de
telas, passando entre cápsulas – as casas, os carros, os escritórios e os shoppings
– persuadiu-os de que as contingências haviam recuado, de que eles próprios
haviam alcançado o ponto almejado por todas as civilizações: o isolamento dos
riscos naturais.
Agora, a membrana se rompeu,
e nos encontramos nus e ultrajados. A biologia, que pensávamos ter banido,
irrompe em nossas vidas. A tentação, quando a pandemia tiver passado, será
encontrar uma nova bolha. Não podemos sucumbir a isso. De agora em diante,
deveríamos expor nossa mente às dolorosas realidades que negamos por tempo
demais.
O planeta tem múltiplas
morbidades, muitas das quais farão o coronavírus parecer, em comparação, fácil
de tratar. Uma, mais que as outras, tornou-se minha obsessão nos últimos anos:
como nos alimentamos? As disputas por papel higiênico, nos supermercados, já
são horríveis demais. Espero nunca ter de testemunhar uma luta por comida. Mas
está se tornando difícil descobrir como poderemos evitá-las.
Resiliência
Trinta anos atrás, como
estudante do ensino médio no internato Cranbrook , no subúrbio de Detroit,
escrevi um relatório investigativo baseado em pesquisa sobre a crise ambiental
para o jornal do estudante. Fui encorajado a fazê-lo por um orientador da
faculdade, David Watson, que viveu uma vida dupla como ambientalista radical
escrevendo sob o pseudônimo de George Bradford para o tablóide anarquista Fifth
Estate . Sua diatribe Quão profunda é a ecologia profunda? questionou um pouco recorrente do movimento
ambiental radical: líderes de grupos como o Earth First! freqüentemente
depreciou o valor da vida humana em favor da proteção da natureza.
Hoje, ouvimos algumas
versões disso cada vez mais: a Terra continuará a existir; a natureza se
recuperará, com ou sem pessoas. É resistente, não somos.
A ascensão da resiliência
como discurso de enquadramento nos Estados Unidos emergiu da devastação que o
furacão Sandy visitou na cidade de Nova York. Os principais eventos climáticos
continuaram atingindo as costas dos EUA nos anos seguintes, pois têm cidades e
países em outros lugares. Em resposta, arquitetos e engenheiros elaboraram
planos para a construção de bermas, montes e outras barreiras artificiais para
absorver o espancamento destinado às cidades costeiras. A sugestão é
humilhante: os habitats humanos devem ser fortalecidos porque eles, como nós,
são vulneráveis ao capricho de forças planetárias muito maiores.
https://www.metropolismag.com/architecture/landscape/resilience-sustainability/?fbclid=IwAR2olSXJpE-pbF_bdIFBe0-IKi-Q2aLYyx-AXiH6h2YGYuvAp6SeLEBsaPA
Papa Francisco
Papa diz que é melhor viver
como ateu do que ir à igreja e odiar os outros... Francisco aludia ao evangelho
de São Mateus, em que se referem os hipócritas que rezam "para ser vistos
pelas pessoas".
O Papa Francisco afirmou
hoje que é preferível viver como ateu do que ir todos os dias à igreja e passar
a vida a odiar e a criticar os outros.
"Quantas vezes vemos o
escândalo dessas pessoas que passam o dia na igreja, ou que lá vão todos os
dias, e depois vivem a odiar ou a falar mal dos outros", assinalou
Francisco durante a audiência geral que tem todas as quartas-feiras com os
fiéis.
O Papa acrescentou que o
melhor é nem ir à igreja: "Vive como um ateu.
Se vais à igreja, então vive
como filho, como irmão, dá um verdadeiro exemplo", instou.
"Os pagãos acreditam
que se reza a falar, a falar, a falar. Eu penso em muitos cristãos que
acreditam que rezar é falar com Deus, salvo seja, como um papagaio. Não, rezar
faz-se com o coração, a partir do interior", defendeu.
https://florsanta.blogspot.com/2019/01/papa-diz-que-e-melhor-viver-como-ateu.html?fbclid=IwAR20kaOL8HbkH6ixvf51Q94OWWZKVojE43R7qulhoXJtMvY5tx8OnStZOVM
"uberização"
É por isso que eu digo no
meu livro que nós estamos vivendo uma era de escravidão digital. O mundo
maquínico informacional-digital, ao invés de trazer a redução do tempo de
trabalho, as melhores condições de trabalho, mais tempo de vida fora do
trabalho, menos penúria no trabalho, tem sido o oposto. Por quê? Isso é muito
importante: porque se trata de uma tecnologia que não tem valores humanos ou
societais. O mundo informacional do nosso tempo, do qual a indústria 4.0 é o
seu pretenso ápice, não tem um sentido humano ou societal, e sim um sentido de
valorizar, ampliar a riqueza das grandes corporações.
sábado, 11 de abril de 2020
Kant
"Duas coisas me enchem o espírito de admiração e de
reverência sempre nova e crescente, quanto mais frequente e longamente o
pensamento nelas se detém: o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de
mim"
Immanuel Kant
https://jheisonhuerta.com/
ninho improvisado
Se você já encontrou um
filhote de passarinho no chão, sabe que o principal instinto é o de ajuda.
Porém, é importante saber que para ajudar, é necessário estar atento com
algumas situações.
Pensando nisso, vimos essa
dica diretamente no Facebook do Fabio Nunes, mestre em Ecologia e Recursos
Naturais, e resolvemos compartilhar aqui. Olha só as orientações que ele
deixou:
– Não leve o filhote para
longe do local onde o encontrou, é ali que os pais irão procurá-lo e, mesmo
fora do ninho, continuarão lhe dando comida.
– Tire o filhote do chão
para não ser atacado por formigas ou devorado por predadores, o ideal é
devolver o filhote ao alcance dos pais, em alguma árvore próxima onde poderia
estar seu ninho.
– Cuidado onde colocar o
animal, pois se você colocar em um galho ele provavelmente voltará a cair. Veja
a dica abaixo:
– Você pode fazer uma
improvisação do ninho com um recipiente forrado (furado embaixo para não
acumular água) pendurado em uma árvore (escondido dos humanos), como mostra a
foto abaixo. “Funciona muito bem e ele só sairá quando suas asas estiverem
desenvolvidas”, explica.
– Para garantir, observe de
longe se os pais encontram o filhote, pois eles são atraídos pelo chamado dele.
Frida
"El único camino
para llegar a ser un hombre,
quiero decir un ser
humano y no un animal,
es ser comunista."
Frida Kahlo
sexta-feira, 10 de abril de 2020
Origem e desenvolvimento do revisionismo na União Soviética
“Se em sua morte Stalin
deixou para trás uma ditadura do proletariado, essa estava passando por um
processo de erosão. Já foi dito que a maior crítica que pode ser feita ao
Camarada Stalin é a de que ele foi sucedido por Kruschev. E isso nos diz
muito.”
Lenin uma vez disse que sem
uma teoria revolucionária, não haveria movimento revolucionário. A história do
movimento dos trabalhadores durante este século [XX] tem provado essa afirmação
como verdadeira. O desenvolvimento de uma teoria revolucionária significa muito
mais do que o estabelecimento de princípios amplos ou a repetição de
generalizações sobre o Marxismo. Pois uma das qualidades que fizeram de Lenin e
Mao verdadeiros líderes revolucionários, foi a habilidade de usarem a análise Marxista
para entender e explicar certos estágios dos processos em desenvolvimento, e
depois, usando-a como base, guiarem as ações ao longo do caminho
revolucionário. Da mesma forma que Marx e Engels, eles não agiram cegamente
examinando apenas o problema imediato, mas pelo contrário, foram capazes de
observar o presente em relação ao passado, de forma a abrir um caminho para o
futuro.
O movimento revolucionário
está em seu presente sofrendo de uma séria falta de clareza teórica. Se as
forças Marxistas-Leninistas na Grã-Bretanha querem se desenvolver, se elas
querem um dia se tornar capazes de liderar a classe trabalhadora na derrubada
do capitalismo, então uma análise séria deverá ser feita sobre a atual situação
da grã-bretanha e do mundo. Mas qualquer análise permanecerá incompleta e
defeituosa, se primeiro não enfrentarmos importantes questões sobre o recente e
não-tão-recente passado do movimento comunista internacional.
Oito anos atrás era
amplamente aceito entre os comunistas que o mundo se encontrava dividido em
dois campos: um socialista e outro capitalista. A URSS e as novas democracias
do leste europeu eram consideradas parte de um campo socialista, apesar de seus
líderes cometerem uma séries de revisionismos. Hoje, uma boa parte dos
Marxistas-Leninistas enxergam isso de maneira diferente. A URSS, não é mais
considerada socialista, mas sim capitalista ou “social imperialista”. Essa
re-avaliação claramente possui implicações para qualquer avaliação da balança
mundial.
Não acho eu que a reflexão
necessária tenha sido dada para algumas das proposições aceitas recentemente.
Nem que tenha havido qualquer tentativa séria, de qualquer fração de
Marxistas-Leninistas, de explicar como viemos parar em tal situação. A
tendência tem sido apenas adotar e replicar as posições do Partido Comunista da
China. Certas ou erradas, quaisquer posições não poderão ser aceitas ou
desenvolvidas sem antes uma série análise Marxista.
(…) Queremos deixar claro
que não tentaremos neste artigo fazer um exame completo sobre o assunto, mas ao
invés disso, introduzi-lo, na esperança de provocar uma discussão que levante
uma maior clareza sobre uma questão tão importante para o nosso movimento.
1- União Soviética: A
natureza do socialismo
Diferente dos revisionistas
que ainda acreditam que a URSS seja hoje um estado socialista, e também
diferente dos Trotskistas que acreditam que ela nunca tenha sido, os Leninistas
consideram que um dia a URSS foi um estado socialista. Os dois primeiros sempre
evitam encarar a pergunta “O que é socialismo?”. Uma avaliação incorreta do que
o socialismo significa na prática tende sempre levar ao idealismo. Um método
Marxista parte não de uma noção idealista particular, mas sim de um exame científico
da realidade objetiva (...)
https://lavrapalavra.com/2020/03/03/origem-e-desenvolvimento-do-revisionismo-na-uniao-sovietica/?fbclid=IwAR3Aldu0g-DxdLi1Ce-7fOTQvZWAmdvo2tXyIYz9Gy_2iVbq2aSBDkiN2rM
Complete archive of folk music for all countries
What is this site about?
In your country, city or
your village, there are some musicians who play folk music of their area. Maybe
they are famous or maybe they are not! Let's introduce them to the world. We
are not looking for folk-pop, folk-jazz or folk-rock. We are looking for pure
folk and classical traditional of each region. You can send their songs here
and give us information about their music and their works. It can be an old
farmer or a dedicated musician. Currently its hard to find information about
folk / traditional music of all countries in one place. We want to achieve this
goal with your help.
This project is focused on
original folk and traditional music of the different countries, nations and
ethnic groups of the world. Definition of “folk” and “traditional” music in
different cultures changes, and generally it's hard to give a universal
definition.
Although folk music usually
refers to orally transmitted music or music with unknown composers, but it can
include the traditional classical music of countries as well which
theoretically differs from folk music, like Indian traditional classical music
vs. Indian folk music. But it doesn't include Western (European) Classical
music.
These music are accepted
here: indigenous music, aboriginal music, ethnic music, regional music, rural
music, root music, traditional ritual music, arranged folk music, recreated
folk music,...
These music are not accepted
in this project: folk-pop, folk-rock, folk-jazz (any kind of folk fusion that
employs some folk elements like an instrument, a melody or a rhythm in another
genre or style), world music (folk music arranged for Western ears with
commercial interests, usually published by Western labels; although some “world
music” are original and accepted), fusion of different original folks (like
Arabic oud with Indian sitar or Spanish flamenco with West African rhythms),
modernized and contemporized versions of folk tunes with new sounds, especially
electronic sounds.
Lenin e atividade revolucionária diante das epidemias
No início dos anos noventa
do século XIX, o Império Russo estava enfrentando uma situação de severas
epidemias e fomes. Um jovem Lenin, mesmo sendo minoria entre os oponentes do
czarismo, não cessou sua atividade revolucionária.
O fragmento que
compartilhamos pertence a uma biografia do revolucionário russo, escrita pelo
historiador francês Gérard Walter (1896–1974). Neste episódio de sua vida, ele
nos ensina uma questão essencial nestes tempos: nem em tempos de pandemias
devemos renunciar à luta contra o inimigo de classe, mesmo quando ele lança
slogans bondosos para “unirmos” — unirmos em torno dele — E ainda menos que
devemos renunciar à luta — quando o mesmo regime e o mesmo sistema capitalista
são diretamente responsáveis por boa parte do sofrimento
do povo.
Estamos sofrendo com um
Estado incapaz de planejar de maneira social e racional o confinamento,
trancando a população em suas casas, com a polícia, a guarda civil e o exército
saindo pelas ruas, deixando o livre arbítrio do capital para manter a produção.
Foram anos sucateando e privatizando a saúde, para aumentar o lucro de empresas
privadas, responsáveis por muitas mortes que hoje
poderiam estar sendo evitadas. Estamos entrando em uma crise que, mais uma vez,
quem pagará serão os mais humildes, enquanto a grande burguesia continuará
engordando seus bolsos. Não temos escolha a não ser organizar uma resposta.
Ajudar o regime a superar o
terrível flagelo está contribuindo para sua consolidação, quando precisamente
essa catástrofe revela categoricamente sua imprevisibilidade, sua incapacidade
e favorece a disseminação de nossas ideias revolucionárias (...)
https://medium.com/@yatahaze/lenin-e-atividade-revolucion%C3%A1ria-diante-das-epidemias-5abf6148914
Comunistas e a emancipação da mulher
Comunistas e a emancipação
da mulher: controvérsia com as correntes do feminismo burguês e pequeno-burguês.
O que o comunismo dará às
mulheres, de maneira alguma o movimento feminino burguês pode dar a elas.
Enquanto houver domínio do capital e da propriedade privada, a libertação das
mulheres é impossível.
Pela Comissão para a
Emancipação das Mulheres do Partido Comunista do México
III Congresso da
Internacional Comunista
A Grande Revolução Socialista
de outubro chocou o mundo, como escreve o escritor americano John Reed, porque
ao inaugurar a época da transição do capitalismo para o socialismo, deu lugar a
uma elevação qualitativa da luta internacional dos revolucionários e da classe
trabalhadora, que expressou-se na formação da Internacional Comunista, que,
entre outras tarefas, contribuiu para a criação de partidos comunistas na
América Latina: a da Argentina em janeiro de 1918 e a do México em novembro de
1919, a primeira de várias partes organizado de forma continental.
A criação da Seção Mexicana
da Internacional Comunista, o PCM (Partido Comunista do México), enriqueceu a
luta de classes em nosso país, primeiro entre a classe trabalhadora e o
campesinato, mas também distintamente entre os intelectuais, os estudantes,
mulheres e jovens.
Os comunistas foram os
pioneiros no México da luta pela emancipação das mulheres. As posições de
vanguarda do PCM tinham uma fonte dupla: o primeiro foi a consequente luta do
marxismo no assunto, enriquecida pela Conferência Internacional das Mulheres,
organizada por Clara Zetkin e Rosa Luxemburgo, fora da Segunda Internacional,
assumida pela Terceira Internacional; o segundo, o exemplo resoluto da
construção socialista na URSS que estava aos trancos e barrancos para uma nova
sociedade onde era perceptível que os trabalhadores tinham poder e que
progrediam nas áreas de trabalho, família, educação, saúde, isso tornou mais
fácil para as mulheres quebrar suas correntes e conseguir sua emancipação. Aos
olhos do proletariado internacional, a construção socialista era uma solução
para suas necessidades.
No México, uma sociedade em
que a burguesia contava com a religião católica e seus falsos costumes como
modelo para as mulheres e a família, como uma coluna ideológica e cultural que
apoiava o domínio de classe dos exploradores, era apoiada o modelo de família
em que a mulher tinha um lugar secundário. Naqueles anos, as ideias comunistas
tiveram um papel libertador devido ao seu papel de liderança na luta por
direitos políticos e sociais para as mulheres, como as que propuseram as
diretrizes da Internacional Comunista, por exemplo, o direito à proteção das
mulheres durante gravidez, parto e aleitamento materno, igualdade de salários
com a classe trabalhadora masculina, participação em sindicatos, liderança de
sindicatos e outras associações, bem como na vida política.
Com o trabalho dos
comunistas, o direito de voto para as mulheres foi conquistado em 1953, o
direito ao divórcio, espaços distintos na luta política e sindical. O fenômeno
do machismo tinha uma forte barreira de contenção da ação política, ideológica
e cultural dos comunistas.
Foi um trabalho
especializado com a criação da Seção de Mulheres no CC do PCM em 1931, e que
teve conquistas importantes para as mulheres trabalhadoras e, em geral, para
todas as mulheres mexicanas.
O trabalho entre as mulheres
pelos comunistas, seus avanços ou contratempos foram obviamente associados ao
desenvolvimento do PCM. Sob as diretrizes da III Internacional, a intervenção
teve uma orientação de classe e o trabalho organizacional um curso ascendente;
anos depois, primeiro impactado pela browderismo, e mais tarde pela direção que
emanava do XX Congresso do PCUS, o PCM estava mudando sua natureza de classe,
seus objetivos políticos, sendo já nos anos 60 um partido de composição social
eminentemente pequeno-burguesa que abriu a passagem para sua liquidação em
1981. Esses anos foram marcados na frente da luta pela emancipação das mulheres
pela penetração das idéias liberais e pequeno-burguesas de liberdade sexual e
pela abordagem do antagonismo de gênero. Quando as ideias eurocomunistas
finalmente triunfam no PCM e são liquidadas, a atividade de seu trabalho entre
as mulheres também cessa, o que significa um sério revés, não apenas para o trabalho
dos comunistas pela emancipação das mulheres, mas para todo o mundo na luta das
mulheres trabalhadoras e das mulheres mexicanas.
Por esse motivo, as ideias
burguesas e pequeno-burguesas do feminismo tornam-se hegemônicas e o movimento
das mulheres entra em um estágio de confusão, dispersão e falsas bandeiras, que
objetivamente levam uma questão tão importante a um beco sem saída durante um
período que já cobre quase 30 anos (...)
Os tradicionais leiteiros estão retornando a Londres
Os tradicionais leiteiros
estão retornando a Londres em meio à mudança de hábito dos cidadãos londrinos,
especialmente os jovens, que estão deixando de utilizar embalagens plásticas e
migrando para as garrafas de vidro, retornáveis e mais seguras para consumo.
Os comerciantes de
laticínios relatam um aumento “fenomenal” no interesse de clientes mais jovens
desde o início do ano, em meio a uma crescente preocupação da população com o
desperdício de plástico.
Leiteiros retornam a Londres
sob demanda da população mais jovem para frear desperdício de plástico
As empresas e pequenos
negócios do Reino Unido tiveram alta considerável na venda de leite em garrafas
de vidro desde o ano passado. Muitos consumidores estão dispostos a pagar um
pouco mais pelo produto em prol do meio ambiente.
Nos últimos dois anos, houve
um aumento de 25% no número de entregas de leite em garrafas de vidro no Reino
Unido. Um estudo encomendado por uma cooperativa de leiteiros constatou que 3%
das vendas de leite no país são feitas a domicílio, com garrafas de vidro.
Paul Lough, gerente da
mercearia Parker Dairies conta que a cooperativa londrina de leiteiros, que
possui uma frota de 25 carros, conquistou 382 grandes clientes desde o início
do ano, entre restaurantes, escritórios e mercados locais. Dessas novas
chamadas, 95% estão entregando leite em garrafas de vidro.
“Antes do Natal passado,
recebíamos 30 ligações por mês e, desde o Ano Novo, agora recebemos 30 ligações
por semana”, afirma Lough.
O setor de laticínios
registrou um aumento de 4% nas vendas desde dezembro, com 1.800 litros extras
sendo vendidos a cada semana.
“As pessoas estão muito mais
conscientes do meio ambiente e, portanto, priorizam o vidro ao invés do
plástico”, disse ele.
Enquanto isso, a empresa
Milk & More disse recentemente que conquistou mais de 2.500 novos clientes
no último mês – cerca de 90% compram a bebida armazenada em garrafas de vidro. Ao
passo que o uso das embalagens de vidro tem crescido, o de plástico mantém-se
estável, com tendência de queda.
O leiteiro Ian Beardwell tem
sentido isso. Ele, que distribui leite pela cidade há 27 anos, afirma que “o
vidro tem renascido na cidade”.
“Noventa por cento de todos
os pedidos que recebo hoje recomendam embalagens de vidro na entrega do leite”,
afirma.
“A tendência [até então]
sempre foi utilizar plástico [para embalar o leite]. Mas eu sempre utilizei
vidro. E sempre vou utilizar”, complementa.
“Acreditamos que a tradição
dos leiteiros possui elementos fantásticos e muito relevantes. Eles são uma
presença confiável para a entrega do leite antes do café da manhã, oferecem uma
gama interessante de produtos, incluindo produtos de origem rural e fazem parte
da comunidade local”, diz Patrick Müller, diretor e gerente de uma empresa de
laticínios.
“Precisamos torná-los mais
revelantes para o consumidor moderno. Conversamos com os clientes e eles
disseram que gostam da experiência da garrafa de vidro – trazem à tona velhas
lembranças da infância -, ao mesmo tempo, querem reduzir o desperdício de
plástico, ajudar o meio ambiente de alguma forma”, concluiu.
https://razoesparaacreditar.com/leiteiros-garrafas-vidro/?fbclid=IwAR0rZMgg8D2NHqt62INkV-2u5f7_fEd6el_E2Q-EsZW-UcK__E3S1exvHys
Agricultores voltam ao método antigo: combater pragas plantando flores silvestres em vez de usar produtos químicos
O uso de pesticidas provou
afetar o meio ambiente de maneira negativa. Muitos agricultores agora estão
retornando a antigas abordagens ambientalmente corretas relativas ao controle
de pragas. Um método é conhecido como o método biológico de controle de pragas.
Este método envolve o plantio de tiras de flores que impedem naturalmente as
pragas com a ajuda de insetos que comem pragas.
Os métodos típicos de
agricultura têm usado pesticidas como uma maneira de controlar pragas e outros
insetos que podem interferir no desenvolvimento e no lucro das culturas
agrícolas. Esse uso de pesticidas tem um risco considerável.
Uma preocupação
significativa é que os pesticidas estão tendo um impacto negativo nas
populações de abelhas. Outra preocupação é que eles podem afetar negativamente
a saúde dos trabalhadores nas fazendas. Além disso, à medida que o tempo
avança, as pragas aumentam sua capacidade de resistir a pesticidas com a
exposição contínua. Espera-se que este novo método lute contra as pragas de
maneira mais natural, sem o impacto negativo dos pesticidas.
O método planta flores
silvestres em torno das culturas que estão sendo plantadas. Esta é realmente
uma prática antiga que consiste em cultivar flores dentro e ao redor de
fazendas. Os canteiros de flores fornecem um lar para predadores benéficos de
pragas, como vespas parasitas. Essas vespas são benéficas porque comem pulgões
e larvas de pulgões.
As tiras de flores que estão
sendo plantadas são conhecidas como “estradas dos insetos”. Eles são plantados
entre as culturas. Quando misturados com ervas, estudos mostraram que essas
tiras de flores são eficazes na redução do dano das folhas associado às
culturas.
Este método aumenta a
biodiversidade e promove o controle seguro e natural de pragas. Apesar disso,
esse método não elimina completamente a presença de algumas pragas nas
lavouras. O método, no entanto, contribui para uma população de pragas reduzida
a ponto de não prejudicar significativamente o crescimento da colheita. Tão
importante quanto a redução do uso de pesticidas.
https://www.pensarcontemporaneo.com/agricultores-voltam-ao-metodo-antigo-combater-pragas-plantando-flores-silvestres-em-vez-de-usar-produtos-quimicos/?fbclid=IwAR1TmQtjN0oihKaVsxgB5eGpMtu9mh_Obg7GFpcDX8dhuOT1LlUo27CudbM
Antiga trilha indígena ligava o litoral de SP até Cusco, no Peru
Já imaginou poder fazer uma
trilha até Machu Picchu, só que partindo do Brasil, mais precisamente do
litoral de São Paulo? Meio impossível para os dias de hoje, só que há algumas
centenas ou milhares de anos, os indígenas faziam esse caminho de boa, pra lá e
pra cá! Essa história, ainda que um pouco enigmática, é sobre uma das mais
fascinantes trilhas da América do Sul, o chamado Caminho do Peabiru, que unia a
cidade São Vicente, em SP, até Cusco, no Peru. De fato, essa trilha existiu e o
que não faltam são relatos históricos e grandes personagens que, inclusive,
conseguiram cruzá-la, em plena época das explorações. Tá afim de conhecer um
pouco mais sobre as Peabirus? Então, se liga até o final!
Os primeiros relatos sobre o
Caminho do Peabiru ainda causam dúvidas entre os pesquisadores. Há quem diga
que a designação do nome veio pelo relato de um jesuíta Pedro Lozano que
escreveu o livro História da Conquista do Paraguai, Rio da Prata e Tucumán no
século XVIII, mas muitos outros afirmam que o nome já era usado em São Vicente,
em SP, logo nos primeiros anos de descobrimento do Brasil. O importante é que o
Caminho do Peabiru começou a se tornar de interesse dos europeus lá pelo ano de
1514, quando uma expedição portuguesa, buscando descobrir onde o novo
continente recém descoberto acabaria, acabou encontrando a foz de um imenso
rio. Ali, alguns indígenas (originais Charruas) fizeram o primeiro contato com
os brancos e disseram que no alto desse rio, muito distante, havia uma
civilização riquíssima e repleta de ouro e prata (certamente, eles se referiam
aos famosos e poderosos Incas).
Pra quê, né? Logo, os
europeus cresceram o olho e, a partir daí, se iniciaram as primeiras incursões
por esse imenso rio, que ganhou o nome de Rio de La Plata, até hoje chamada
assim (vai dizer que sabia disso?). Como todo boa fofoca, a notícia chegou a
Europa e os espanhóis, vendo que a região do Rio de La Plata pertencia, na
verdade, ao território deles pelo Tratado de Tordesilhas, trataram de enviar
uma expedição repleta de interesseiros em explorar ao tão misterioso Rio de La
Plata e, finalmente, chegar até essa civilização rica no alto do continente
(isso mesmo, as primeiras tentativas de descoberta do Peru, se iniciaram pelo
sul do continente)...
https://www.ecodurismo.com.br/single-post/2019/07/04/Antiga-trilha-ind%C3%ADgena-ligava-o-litoral-de-SP-at%C3%A9-Cusco-no-Peru?fbclid=IwAR2aVRxDGJBMTRLkO662Q-fVolFvjVI93HLYJCf6a5n1gbJaJPV9Etx_GlY
Os principais sítios arqueológicos pré-coloniais do Brasil
Segundo levantamento de 2008
feito pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o
Brasil possui 14.000 sítios arqueológicos. Hoje, acredita-se que esse número já
tenha saltado para 20 mil. Porém, desse total, somente 17 bens arqueológicos
(11 sítios e 6 coleções) foram tombados pelo IPHAN, conforme esse instituto
informa em seu site.
É possível visitar muitos
deles com boa estrutura para receber o visitante. Há, porém, aqueles que se
encontram em locais de difícil acesso e outros que precisam de autorização para
serem visitados. A lista abaixo, em ordem alfabética por estado, limita-se aos
sítios arqueológicos pré-coloniais, isto é, sítios com vestígios de ocupação
anterior à chegada dos portugueses.
Desmatamento revela um misterioso "Stonehenge" na Amazônia
O capataz de uma fazenda de
gado num recanto distante da Amazônia brasileira, Lailson Camelo da Silva,
derrubava árvores para transformar a floresta tropical em pasto, quando
encontrou um estranho grupo de enormes blocos de granito. "Eu não tinha
ideia de que estava descobrindo o Stonehenge da Amazônia", disse Silva,
65, em um dia quente de outubro, enquanto olhava para o sítio arqueológico
situado pouco ao norte da linha do equador. "Isso me fez perguntar: que
outros segredos sobre nosso passado estão escondidos nas selvas
brasileiras?" Depois de conduzir testes de radiocarbono e realizar
medições durante o solstício de inverno, estudiosos do campo da
arqueoastronomia (...)
305 etnias e 274 línguas: estudo revela riqueza cultural entre índios no Brasil
Há mais indígenas em São
Paulo do que no Pará ou no Maranhão. O número de indígenas que moram em áreas
urbanas brasileiras está diminuindo, mas crescendo em aldeias e no campo. O
percentual de índios que falam uma língua nativa é seis vezes maior entre os
que moram em terras indígenas do que entre os que vivem em cidades.
As conclusões integram o
mais detalhado estudo já feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) sobre os povos indígenas brasileiros, baseado no Censo de 2010 e
lançado no inicio do mês de junho (2017).
Segundo o instituto, há
cerca de 900 mil índios no Brasil, que se dividem entre 305 etnias e falam ao
menos 274 línguas. Os dados fazem do Brasil um dos países com maior diversidade
sociocultural do planeta. Em comparação, em todo o continente europeu, há cerca
de 140 línguas autóctones, segundo um estudo publicado em 2011 pelo Instituto
de História Europeia.
No “Caderno Temático:
Populações Indígenas”, o IBGE faz um mapeamento inédito sobre a localização
desses povos e sua movimentação ao longo das últimas décadas.
O estudo diz que, entre 2000
e 2010, os percentuais de indígenas brasileiros que vivem nas regiões Sul e
Sudeste caíram, enquanto cresceram nas outras regiões. A região Norte abriga a
maior parcela de índios brasileiros (37,4%), seguida pelo Nordeste (25,5%),
Centro-Oeste (16%), Sudeste (12%) e Sul (9,2%).
Entre 2000 e 2010, também
caiu o percentual de indígenas que moram em áreas urbanas, movimento contrário
ao do restante da população nacional.
Segundo a pesquisadora do
IBGE Nilza Pereira, autora do texto que acompanha o estudo, uma das hipóteses
para a redução no percentual de indígenas no Sul, Sudeste e em cidades são os
movimentos de retorno a terras tradicionais.
Nas últimas décadas, intensificaram-se
no país as chamadas “retomadas”, quando indígenas retornam às regiões de origem
e reivindicam a demarcação desses territórios. Em alguns pontos, como no
Nordeste e em Mato Grosso do Sul, muitos ainda aguardam a regularização das
áreas, em processos conflituosos e contestados judicialmente. Em outros casos,
indígenas podem ter retornado a terras que tiveram sua demarcação concluída.
Hoje 57,7% dos índios brasileiros vivem em terras indígenas.
Outra possibilidade, segundo
Pereira, é que no Sul, Sudeste e nas cidades muitas pessoas que se declaravam
como indígenas tenham deixado de fazê-lo. Ainda que sua população indígena
esteja em declínio, a cidade de São Paulo ocupa o quarto lugar na lista de
municípios brasileiros com mais índios, com 13 mil. Parte do grupo vive em
aldeias dos povos Guarani Mbya nos arredores da cidade, em territórios ainda em
processo de demarcação.
O ranking é encabeçado por
São Gabriel da Cachoeira, no noroeste do Amazonas. O município abriga 29 mil
indígenas e foi o primeiro do país a aprovar como línguas oficiais, além do
português, três idiomas nativos (tukano, baniwa e nheengatu).
O estudo mostra como morar
numa terra indígena influencia os indicadores socioculturais dos povos. Entre
os índios que residem nessas áreas, 57,3% falam ao menos uma língua nativa,
índice que cai para 9,7% entre indígenas que moram em cidades.
Mesmo no Sul, região de
intensa colonização e ocupação territorial, 67,5% dos índios que vivem em
terras indígenas falam uma língua nativa, número só inferior ao da região
Centro-Oeste (72,4%).
A taxa de fecundidade entre
mulheres que moram em terras indígenas também é significativamente maior que
entre as que vivem em cidades. Em terras indígenas, há 74 crianças de 0 a 4
anos para cada 100 mulheres, enquanto nas cidades há apenas 20.
Para Nilza Pereira, do IBGE,
ao mostrar detalhes sobre indígenas de diferentes pontos do país, o estudo será
útil para o planejamento de políticas públicas diferenciadas para esses povos.
Os dados também foram usados na elaboração de vários mapas, que compõem o
“Atlas Nacional do Brasil Milton Santos”.
Cultura indígena
O ativista indígena Denilson
Baniwa, cofundador da Rádio Yandê, diz à BBC Brasil que o estudo ajuda a
combater a falta de conhecimento sobre os povos indígenas no Brasil.
Baniwa, que mora no Rio de
Janeiro e é publicitário, diz se deparar frequentemente com pessoas que acham
que “o indígena ainda é aquele de 1500”. Segundo o ativista, muitos questionam
por que ele se considera indígena mesmo falando português ou usando o
computador em seu trabalho.
“Respondo que cultura não é
algo estático, que ela vai se adaptando com o tempo. E pergunto a eles por que
não vestem as mesmas roupas usadas pelos portugueses em 1500, por que não falam
aquele mesmo português e por que não usam computadores de 1995.”
Para Baniwa, há ainda grande
desconhecimento sobre as enormes diferenças culturais entre os povos indígenas
brasileiros. Ele exemplifica citando dois povos de sua terra natal (a região do
rio Negro, no Amazonas), os baniwa e os tukano.
“Comparar um baniwa a um
tukano é como comparar um francês a um japonês. São povos com línguas, hábitos
e características físicas bastantes distintas, e isso porque vivem bem
próximos. Imagine a diferença entre um baniwa e um kaingang, um povo lá do Rio
Grande do Sul?”
Ao mesmo tempo em que
combate o preconceito contra indígenas que, como ele, moram em cidades, Baniwa
afirma que cada povo deve ser livre para decidir como quer se relacionar com o
resto da sociedade.
“Se um povo entender que o
contato com o mundo moderno não será benéfico e que prefere ficar mais isolado
em sua terra, vamos lutar para que essa decisão seja respeitada.”
https://www.revistaprosaversoearte.com/305-etnias-e-274-linguas-estudo-revela-riqueza-cultural-entre-indios-no-brasil/?fbclid=IwAR3jyk7g9Jj-SeG5wy3ybKB3SNo34eGXj9S_ID4tO6PV_nezanpx-p_XwYg
Maior genocídio da Humanidade foi feito por europeus nas Américas: 70 milhões morreram
“O Maior Genocídio da
História da Humanidade — mais de 70 milhões de vítimas entre os povos
originários das Américas - Resistência e Sobrevivência”. Tudo isso é o título
da capa do livro de Marcelo Grondin e Moema Viezzer, editado por Princeps, em
Toledo, Estado do Paraná, em 2018. Viezzer e Grondin, na apresentação do livro,
citam documento que assegura que a invasão européia nas Américas, desde 1492,
provocou um extermínio entre 90 e 95% da população total. Assustados com esses
dados foram, pesquisar e chegaram à conclusão de que a conquista e ocupação
territorial pelos europeus provocou ao longo dos séculos, cerca de 70 milhões
de mortos. Sem dúvida, o maior genocídio da história da humanidade.
No México, foram
assassinados 20 milhões, nos Estados Unidos, 18 milhões, nos países andinos
foram mais de dez milhões, no território brasileiros mais de quatro milhões.
Todas essas mortes foram por massacre provocado por tropas militares,
enfermidades, fome, trabalho forçado, castigos corporais em regime de
escravidão, deslocamentos para lugares inóspitos.
Extermínio nas ilhas
caribenhas
A conquista teve início com
os espanhóis nas ilhas do Caribe, a partir da ilha que batizaram como La
Hispaniola, hoje República Dominicana e Haiti, habitada na época por pelo menos
um milhão de pessoas. É Bartolomé de las Casas, padre espanhol que acompanhava a
expedição, quem descreve o que presenciou:
“…saiu com seu séquito
preparado para a guerra, levando com ele Bartolomeu Cólon, seu irmão, e entrou
em La Vega (aldeia) onde havia muita gente reunida, dizem alguns que eram 100
mil homens. Ali avançaram com suas espadas e lanças seus cães bravíssimos e o
impetuoso poder dos cavalos, cortando os índios como se fossem manadas de aves
ou ovelhas encurraladas, deixando uma grande multidão de gente feita em pedaços
para os cães, patas de cavalo e espadas. Àqueles que ainda se mantinham vivos,
que ainda era uma multidão, condenados a ser escravos” (LAS CASAS, 1951, I, p
414 - citado por Viezzer e Grondin).
Ali onde havia uma cultura
florescente, harmonizada com a natureza, os espanhóis roubaram as terras,
impuseram métodos de governo e de trabalho, este como melhor meio para explorar
as pessoas, como foi o método da encomienda, divisão, em todo o mundo
hispânico, conhecido como a meia, terça ou cambão no mundo lusitano. Morria
muita gente no duro trabalho nas minas ou nas plantações. Não estavam
acostumados ao trabalho de quebrar pedra para retirar o minério. Paralelamente,
as enfermidades europeias que se transformavam em epidemias dizimaram povos
inteiros.
Em La Hispaniola, em 1492,
havia um milhão de habitantes. Em 1514, só 14 mil. E essa hecatombe se repetiu
nas demais ilhas… Jamaica, Porto Rico, Cuba. Os tainos, habitantes dessas ilhas
desapareceram do mapa.
México maior que qualquer
cidade da Europa
No México, os espanhóis
chegam em 1519 e encontram uma civilização mais avançada do que a dos
conquistadores. Nos 30 primeiros anos da conquista (1519-1548) foram mortos 20
milhões de habitantes. De 25 milhões de pessoas em 1519, foram reduzidos a 1,7
mil em 1605. Hoje o México ainda tem uma população indígena majoritária que
continua na luta por sua libertação. Nas guerras de independência dos povos sob
o jugo da coroa espanhola também foram os povos originários os que deram suas
vidas com esperança de que teriam uma situação melhor. Sem chance.
O saqueio das riquezas
minerais é incalculável
A conquista dos povos
andinos, que estavam sob o domínio do império Inca, com organização própria de
Estado e de produção, teve início em 1532. Ouro e prata abundantes
enlouqueceram os europeus. Todos queriam ficar ricos rapidamente e isso a custo
da vida dos povos nativos.
“Entre 1503 e 1650
desembarcaram no porto de Sevilha 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos
de prata. A prata levada de Potosi para Espanha em pouco mais de um século
excedia três vezes o total das reservas europeias. E essas cifras não incluem o
contrabando”. (GALEANO, 2014, p. 43 - citado por Viezzer e Grondin).
Quando os espanhóis
chegaram, em 1500, o Tawantinsuyo tinha 15 milhões de habitantes, e em 1620, um
milhão. Só nas minas de Potosi, foram oito milhões de mortes. Nos anos 1700,
com a criação dos vice-reinos, os incas, cansados de exploração, se sublevaram,
o que provocou aumento da mortandade.
O papa Paolo III, preocupado
com tanto morticínio, editou uma bula em que considerava os índios como seres
humanos e que, por isso, deviam ser batizados. Isso em nada mudou a relação com
os conquistadores. Ao contrário, colocou igreja e religião como armas da conquista
e consolidação da colônia.
Na América do Norte, outro
genocídio sem fim
Na América do Norte,
excluindo o México já citado, a conquista começou um pouco mais tarde por
súditos da corte da Inglaterra que migraram por razões religiosas depois da
Reforma, ou por razões econômica. Quando desembarcaram, o território era
habitado por 18 milhões de pessoas, pelo menos. Hoje, se tanto, mal chega a 2,5
milhões porque houve uma recuperação. Em 1790, a população branca de pouco
menos de quatro milhões era igual a dos indígenas, exterminados por guerras,
fome e doenças de brancos.
À ânsia por terra e riqueza
se somava a questão religiosa e a ideia da supremacia branca dos teutões, raça
destinada a dominar o mundo selvagem. Quem não era branco não era gente. O
destino manifesto, como doutrina de Estado orientou a expansão e ocupação do
território do Atlântico ao Pacífico. A Lei de Remoção de 1830 autorizava os
conquistadores a sacar os indígenas das terras férteis para entregá-las aos
colonos. Isso se vê nos filmes de cowboys. Os nativos expulsos tinham que ir
para as montanhas inóspitas e, mais tarde, às reduções, verdadeiros campos de
concentração de extermínio cultural.
O terrível desse genocídio
se vê nos números. Em 1620, a população nativa era de 18 milhões, foi reduzida
a 600 mil em 1800 e chegou a 250 mil em 1900. Em 2008, o censo demográfico dos
Estados Unidos mostrou uma população de aproximadamente 325 milhões de
habitantes. Entre esses, 75,1% brancos, oriundos de imigrações europeias,
enquanto os nativos representavam 0,13% da população, algo como 2,5 milhões,
quando no início do século 17 eram 18 milhões. Os dados revelam tudo, diz o
livro sobre o maior genocídio.
No Brasil o genocídio ainda
não terminou
No Brasil de 1500, com a
chegada dos conquistadores portugueses, havia uma população nativa de 4 a 5
milhões de habitantes. A coroa portuguesa distribuía terras sem limites à
nobreza e membros da corte, criando desde os primeiros assentamentos, o
latifúndio e a cultura de terra arrasada. Os bandeirantes organizavam
expedições armadas para capturar indígenas para o trabalho escravo e no avanço
da ocupação os confinam em reduções e aldeias sob controle do poder colonial.
Esse genocídio sem controle
iniciado em 1500 se estendeu até os anos 1900, quando começam a surgir
políticas com intenção de impedir ou diminuiu a mortandade. A partir da
República surgem novas ameaças com as extensões das ferrovias e rodovias e a
expansão predatória da fronteira agrícola, seguida dos processos de ruralização
e urbanização, com adensamento da população branca resultado da promoção da
imigração de europeus. População branca adversa, que raramente aceitavam
conviver com a população indígena e negra. Em muitos centros urbanos a
população de negros escravos ou libertos era maior do que a dos colonos
brancos. Houve guerra, diz a história, mas na verdade foi resistência e
massacre pela incomparável disparidade de força e do armamento utilizado pelos
invasores das terras.
Em 1910, o governo, por
iniciativa do marechal Cândido da Silva Rondon, descendente de índios, em
tarefa de demarcação das fronteiras, criou o Serviço de Proteção do Índio (SPI)
e reservas florestais protegidas para sobrevivência das aldeias. Em 1967, em
plena ditadura militar, o SPI foi substituído pela Fundação Nacional do Índio
(Funai). A trajetória dessas duas organizações oscilava entre proteger os
indígenas e favorecer os proprietários fundiários na expansão dos latifúndios.
Nos primeiros anos dos 1900,
na pequena e provinciana capital de São Paulo ainda se falava nhenhen catu, a
língua geral tupi-guarani. Nesse início do século 20, os livros de geografia
indicavam que a partir de Bauru, no centro-oeste paulista, eram terras
desconhecidas habitadas pelos indígenas. De fato, eram botocudos, tupi-guarani
majoritariamente. Esse território ia até as barrancas do Rio Paraná e, do outro
lado do rio, ao Sul, tribos da etnia guarani e, ao Norte, xavantes.
Foi Vargas quem abriu as
terras de Mato Grosso, colindante com São Paulo, para colonização por latifundiários
paulistas ou seus descendentes. Eram terras habitadas pelos guarani ao Sul e
xavante ao Norte. Os indígenas foram obrigados a se deslocar para terras
virgens e florestas inóspitas do Centro-Oeste e do Norte.
Nos anos 1950 essa fronteira
agrícola se estendeu pelo Norte e Oeste do Paraná, Oeste de Santa Catarina. Na
década seguinte, continuou a expansão da fronteira agrícola em direção Oeste e
começou a ocupação da Amazônia, projeto da ditadura militar, com abertura de
estradas (transamazônica), assentamentos e matança dos povos originários. Em
outra década mais e a fronteira se estendeu pelo Sul do Pará e do Maranhão,
Oeste e Norte de Goiás, Norte de Mato Grosso.
Tudo isso se faz ao custo da
vida dos povo originários e ribeirinhos, dos quilombolas, posseiros, e também
ao custo do desmatamento, contaminação de rios, perda de mananciais. Há um
dramático documentário feito pela Televisão italiana, Rai, que mostra brancos
metralhando aldeias e jogando roupas contaminadas para envenenar os índios. Essa
é a história da invasão europeia (chamada civilização ocidental e cristã) que
continua perpetuada pelos descendentes dos primeiros colonizadores e pelos
imigrantes que lhes seguiram os passos no transcorrer desses cinco séculos.
Massacre contínuo das populações e destruição predatória da natureza, praticada
também até mesmo pela população não tão branca por força da mestiçagem. Essa é
a história da expansão das fronteiras agrícolas no século 21, sem que se tenha
visto vontade de mudar. Entra governo sai governo, continua tudo na mesma.
Como ocorre a expansão da
fronteira agrícola
Como regra, o governo libera
áreas de terras da União para uma empresa de colonização. É quem processa a
divisão em lotes, que serão vendidos para agricultores e pecuaristas, prevê
caminhos e centros urbanos para oferta de serviços. Os primeiros que entram na
área são as madeireiras. Derrubam a floresta, vendem as toras para a indústria
madeireira e também para os fazedores de carvão. No Brasil do século 21 ainda
há fundições que utilizam carvão vegetal. Os assentamentos e o movimento nessas
áreas logo atraem os grileiros para ocupar as terras ao redor. Também é muito
comum o tipo que compra uma fazendo os alqueires rapidamente dobrar ou
triplicar o tamanho ocupando terras públicas ou de posseiros.
Nas décadas de 1940/50, no
Norte do Paraná, derrubaram a Mata Atlântica, mataram os povos nativos e
plantaram café. Hoje essa região está transformada em um mar de soja a
perder-se no horizonte.
Hoje a expansão predatória
se faz principalmente fazendo pasto ou semeando grãos (soja, milho, algodão,
amendoim, sorgo). O Brasil tem hoje o maior rebanho bovino do mundo com 220
milhões de cabeças; e já ultrapassou os Estados Unidos em produção de soja.
A modernização da
agricultura extensiva de grão para exportação em nada melhorou a vida das
populações em geral. Ao contrário, aumentou as desigualdades sociais, ampliou
enormemente o abismo entre a pobreza e a riqueza e obriga os brasileiros a
conviverem com as mudanças climáticas por conta da derrubada das florestas,
contaminação dos rios e mananciais e dos defensivos agrícolas venenosos. E,
como se não bastasse, o desprezo absoluto por qualquer ser vivente.
https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/direitos-humanos/58765/maior-genocidio-da-humanidade-foi-feito-por-europeus-nas-americas-70-milhoes-morreram?fbclid=IwAR1TpjKGKLr0IOU4vopQ4rQqfGwZ8-7yNbMTDboBHrec6KXT9h3Z9GcIB8Q
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